dois perdidos numa noite suja

sábado, maio 28, 2005

Lobão e o marketing


o cantor e o et: primos?

Finalmente, uma boa matéria com o Lobão. É do Pedro Alexandre Sanches e saiu na CartaCapital desta semana.

De volta ao marketing. “Cazuza disse: ‘Precisou eu pegar Aids e Lobão ir para a cadeia para a gente ter alguma notoriedade’. Então isso é marketing? Será que ele pegar Aids é marketing? Falaram que eu ser preso era marketing, o que passei na cadeia foi marketing? Ou será que a gente corre risco? Eu corro, corro mesmo.”

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Desistir, jamais


a viúva do bardo em foto recente, no largo do boticário

Longe de ser um gênio espontâneo, jorrando obras sem qualquer obstáculo, Shakespeare evidentemente tinha dificuldades com os textos; era um revisor, com preocupações de poeta pelo estilo verbal. Ele comumente lia muito para escrever uma peça; confiava na memória, selecionava material para transformá-lo, e produzia um texto para ser montado sobre o qual demonstrava hesitações.

Park Honan. Shakespeare, uma vida

sexta-feira, maio 27, 2005

Amendoim

Ato 1

Happy hour no Villarino, bar tradicional do Centro, na última quarta. A mesa reúne jovens advogados e estudantes de Direito.

- É, os funcionários do Fórum adoram essas canetinhas novas do escritório! - Pode crer, outro dia eu fui numa repartição e os caras reclamaram que não tinha pra todo mundo. Tive que voltar pro escritório e buscar mais. - Volta e meia, chega um funcionário do Fórum pra reclamar que acabou a tinta.

- Mas isso não é uma forma de suborno?

- Cara, funciona. O sujeito lembra do escritório, adianta o seu lado da próxima vez. - Tem gente que dá garrafa de uísque, panetone da Kopenhagen. A gente só distribui as canetinhas. - E é canetinha vagabunda, um pouco melhor do que a bic! Pena não ter uma aqui pra te mostrar...

Ato 2

Distribuição de brindes da Gerdau - nécessaire de couro, caneta e bloco de anotações - causou empurra-empurra entre jornalistas que cobrem o Palácio do Planalto. O primeiro lote acabou em segundos. Houve até fila para esperar pelo segundo.

Folha de S. Paulo, 4/5/2005, pág. A4

segunda-feira, maio 23, 2005

Irrita da semana II


burrinho chora. e desta vez, acredite, ele tinha vencido

Se fosse colocar a cabeça no travesseiro tenho certeza de que dormiria bem. Não sei se é o caso dele. (22/05/2005)

Esse aí já irritou tanto, que nem vale alongar o papo. O choro mais recente foi pela perda da sétima posição no fim do GP de Mônaco. O cara passa a semana dizendo que vai lutar para não ser retardatário, faz uma corrida medíocre, toma punição por excesso de velocidade no pit stop e, depois de tudo, se julga autorizado a criticar o maior vencedor da História da F1 por ultrapassá-lo na última volta sem pedir licença. É por essa e por muitas outras que, a bordo do melhor carro do mundo, o sujeito conseguiu virar motivo de chacota nacional. Até o velho Satoru Nakajima, o Júnior Baiano das pistas nos anos 90, teria conseguido um retrospecto melhor. Saudades do Irvine.

sábado, maio 21, 2005

Ídolo


Tenho quase certeza de que uma vez, no Meyer, em certa noite de tempestade, fui barbaramente assassinado. Mas isso foi há muito tempo. [emmanuel vão gogo, o millôr]


quinta-feira, maio 19, 2005

Nossa correspondente no inferno, digo, no Riocentro


leitores contribuem para o desmatamento

O objetivo deste blogue era falar de mulher, e não deixar que elas abram o bico. Mulher já fala demais. Em ocasiões inoportunas. Em tom estridente. Em assuntos dispensáveis. Para confirmar a regra, há exceções. Rainha da bateria e porta-bandeira desta escola, nossa intrépida correspondente em JacaCity, outrora Miss Campos dos Goytacazes, nos conta algumas coisas sobre o estranho mundo da Bienal do Livro.

Fora das grandes editoras e da programação fina do café literário, o que resta na Bienal são muitos livros espalhados por bancadas e estantes, poucos organizados de maneira inteligível. Andando pelos corredores, lotados de crianças barulhentas e suadas, é possivel encontrar bizarrices que nos fazem ter pena da quantidade de arvorezinhas transformadas em papel.

Entre as promoções, um livro que ensina como se vestir para parecer mais alta (com 100 páginas!!!). À altura de seu preço : R$ 2. No mesmo balcão, o leitor pode ser divertir com Pornografia - uma resposta cristã. No prefácio, o autor deixa claro que o objetivo da leitura é ensinar os cristãos como são infundados e relativos os argumentos em favor da liberação sexual da mídia. Por apenas R$ 1,99, você aprende a ajoelhar e rezar.

No estande de cordel, xilografias do Kama Sutra. Um ode ao bom gosto sexual, perfeito para enfeitar paredes. Os mais místicos podem comprar previsões, baralhos de tarô, fazer mapa astral ou ainda anuários passados. Mas por favor, quem compraria um anuário de astrologia de 2002, por R$ 38 ?

Em um estande onde repousam centenas de exemplares do mesmo livro, um cartaz com HOLOCAUSTO em garrafais convoca os brasileiros a criar leis de proteção às crianças. Após a leitura, o aviso: "haverá apenas duas alternativas, a omissão ou ação". Alguém consegue imaginar outra reação possível?

Outro estande de um livro só é o libanês Chef Ramzi, que convida o leitor a conhecer a deliciosa culinária árabe. São dezenas de metros com bonitas meninas de sobrancelhas grossas oferecendo o livro. Um apanhado de receitas como tabule e marzipã por R$ 150. Às moscas, o espaço libanês desperta pensamentos turcos e evoca o país homenageado dessa edição: carteira fechada e saída à francesa.

domingo, maio 15, 2005

Qual é a vantagem em poder pagar um sanduíche de miolos de pavão quando só se encontram de presunto ou de carne?


Comprem para mim aqui

Associações surgem por toda parte para desafogar toda espécie de pessoas comparativamente felizes, desde presos liberados a se regozijarem com a liberdade readquirida até crianças que se empanturram na sofreguidão de um apetite ilimitado; mas não há mão que se estenda ao milionário, a não ser para pedir.

Bernard Shaw. Socialismo para milionários.

sábado, maio 14, 2005

MSL - Movimento dos Sem Lide


Aldo Rebelo

- Ministro, o senhor se sente confortável no cargo?
- Estou fazendo o meu trabalho.
- As pressões do PT o incomodam?
- Tenho a confiança do presidente Lula.
- Tem algum plano para reverter o desgaste político?
- Vamos seguir em frente.
- O senhor continua no ministério?
- Estou fazendo o meu trabalho. Tenho a confiança do presidente Lula. Vamos seguir em frente...

"escolha a sua tribo e divirta-se"

o lide apresenta números estrondosos (dessa vez o adjetivo foi "piramidais") para provar que a edição deste ano é a maior de todos os tempos - mesmo que o recorde já venha com prazo de validade. desta vez, a vitima do truque é a bienal do livro, um programa de índio que, como o nome indica, se repete a cada dois anos no longínquo riocentro.

depois de se impressionar com as primeiras linhas (seiscentas mil pessoas? cinqüenta e cinco mil metros quadrados? cinqüenta e oito mil hambúrgueres?), o leitor é intimado a escolher uma tribo. precisa arrumar lugar entre descolados ou clássicos; saudosistas ou antenados; tietes ou cabeçudos.

a receita, que se repete à exaustão nos suplementos de sexta-feira, tem mil e uma utilidades. vale para festival de cinema, rock in rio, retrospectiva no ccbb e qualquer outro megaevento que combine longas filas com a ilusão de que o carioca, de repente, despertou da sua letargia cultural.

nesse esporte, só o repórter não muda de time. a cada matéria, justifica sua credencial da tribo dos preguiçosos.

quarta-feira, maio 11, 2005

o homem do terno branco


gravata, lenço e idéias na varanda do copa

vestido com um dos seus 24 ternos brancos - ele trouxe cinco para o rio, um para cada dia de visita - tom wolfe espera pacientemente a intérprete que, ao traduzir a pergunta para o português, derrapa duas vezes no nome do hunter thompson ("senhor thunder?").

o papa do new journalism suspira, mira nos olhos do repórter e revive seu primeiro almoço com o sr. gonzo, num restaurante brasileiro em nova york, diante de dois pratos fundos de fey-jow-a-da. dentro de uma sacola branca, hunter dizia esconder algo capaz de esvaziar o lugar em 15 segundos.

segunda-feira, maio 09, 2005

Irritou muito

Sempre invejei esses escritores e jornalistas que relatam diálogos extensos sem engasgar no fluxo das idéias. Gente capaz de transformar qualquer papo furado de ontem ou de 20 anos atrás numa troca ágil de tiradas, sem interjeições, redundâncias ou deslizes gramaticais, mesmo - ou principalmente - quando não estava presente para ouvir o original. Na pena desses artistas, os interlocutores ficam mais inteligentes, prontos para surpreender e encantar o leitor. Eu, que sofro de distúrbio de atenção e alzheimer juvenil, já nem me lembro da primeira frase desse parágrafo. Entretanto, decidi narrar os melhores momentos da discussão com FoxtrotBravo (aka FoxtrotVictor) até o batismo definitivo deste espaço. Se não me falha a memória, foi mais ou menos assim:

(...)

- guilhotina.blogspot
- esse não dá. o babaca não atualiza desde 2003.
- traidor.
- guilhotina nele.

- pensa nas frases do mestre.
- tánocolodocapeta.blogspot
- cadeianele.blogspot
- tánobicodocorvo.blogspot
- esse já tem.
- irrita.

- vou dar uma sugestão horrível.
- ...
- papagaiodepirata.blogspot
- horrível mesmo.
- eu avisei.

- nasarjeta.blogspot
- é esse!
- merda.
- o que?
- já usaram.
- irrita demais!
- e vacilator.blogspot?
- também.
- não é possível...
- troféu namorado da delta charles!

- correiodatransilvania.blogspot
- péssimo.
- eu gostei.
- PÉSSIMO.
- esse não tá registrado.
- #!*&@!

(...)

domingo, maio 01, 2005

Aos futuros críticos e detratores

Vaia de bêbado não vale