dois perdidos numa noite suja

domingo, julho 31, 2005

A vida é breve


O inventor do Euro, agora ao lado do velho Keynes

Ex-Chef der Europäischen Zentralbank tot aufgefunden

Wim Duisenberg starb in einem Haus in Südfrankreich. Er wurde leblos im Schwimmbad der Villa gefunden

Paris - Der frühere Präsident der Europäischen Zentralbank, Wim Duisenberg, ist tot in einem Haus in Südfrankreich aufgefunden worden. Der 70-jährige erste Präsident der Europäischen Zentralbank (EZB) sei leblos im Schwimmbad der Villa gefunden worden, teilte die Polizei in Faucon mit. Wiederbelebungsversuche seien erfolglos gewesen, hieß es. (Welt.de/AP)

sábado, julho 30, 2005

eu vou partir porque mataram meu besouro



e como perdedor gritei
que eu sou um homem só
sem poder mudar
nunca mais vou lastimar


tenho um pedido só
último talvez, antes de partir

quando eu morrer me enterre na lapinha
calça, culote, paletó almofadinha

segunda-feira, julho 25, 2005

Conhece o Mario?


o único que valia alguma coisa já partiu

Aos neotucanos impúberes: se não fosse ele, vocês já tinham dançado em 89, picados pela mosca collorida.

**

No Brasyl, o gancho do Pentágono é o Centro Brasyleiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que funciona em São Paulo. Quando eu filmar a Odysseya convidarei o professor Fernando Henrique Cardoso para o papel de sedutor, embora não saiba se o Pryncype topa contracenar nu com Ariadne no Labyrynto do Cebrap. O Professor Fernando Henrique Cardoso disse que não era assoprador de novidades nos ouvidos do Pryncype. Claro: o Pryncype é ele, assim o batysey no Peru em presença do magnífico Darcy Ribeiro. Uma tese que o Cebrap não aceita e por isso não consigo me entender com o Pryncype: a revolução de 64 começou na guerra do Paraguai. Fernando Henrique Cardoso é apenas um neocapitalista, um kennediano, um entreguista.

GLAUBER ROCHA

República das barangas


a precursora: chuta que é macumba!

Criançada, pare as máquinas, que a notícia do dia está na Folha:

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"ANTES NUA QUE CORRUPTA"
Segundo advogado da ex-secretária, dinheiro pagaria sua campanha a deputada federal

Fernanda Karina quer R$ 2 mi
para posar para "Playboy"

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2507200506.htm

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Como dizia um cínico educado a Ele & Ela nos anos 70: num país em que HORTÊNCIA e ROSENERY venderam revista, tudo é possível.

Mete o bico, tucano


colluptos: "vai, arthurzinho!"

Será? Corre em Brasília o boato de que foi Fernando Collor quem mandou o tal pó branco para Arthur Virgílio. O ex-presidente estaria achando o líder tucano muito devagar nos ataques ao governo Lula.

TUTTY VASQUES, nominimo.com.br, 24.07

Vinde a nós, Madalenas


paraty, 2006. fila de autógrafos no lançamento de O homem no século XXI

Christianity will go. It will vanish and shrink. I needn't argue about that. I'm right and will be proved right. We're more popular than Jesus now; I don't know which will go first, rock 'n' roll or Christianity. Jesus was all right, but his disciples were think and ordinary. It's them twisting it that ruins it for me.

JOHN LENNON, 1966.

domingo, julho 24, 2005

Presepada


severino e um sósia do carequinha de minas

Trip: De onde vem esse cheiro?
Severino: Que cheiro?
O senhor não está sentindo?
[Depois de aspirar fundo três vezes]
Tá cheirando bem o salão, como sempre.
Pois eu estou sentindo um mau cheiro danado...
Você tá é com presepada, né, meu filho?
É o cheiro do ralo, deputado.
Você quer conversar sério ou não, cidadão?

XICO SÁ. "Jornal Nacional", Trip nº 135

sábado, julho 23, 2005

É o camisa 10 da Gávea


artur, leitor do márcio mará, em 1972 [hamilton/ajb]

Ele tem uma dinâmica física rica rítmica
Seus reflexos lúcidos
Lançamentos dribles desconcertantes
Chutes maliciosos são como flashes eletrizantes
Estufando a rede num possível gol de placa

É falta na entrada da área
Adivinha quem vai bater

É o camisa 10 da Gávea

O galinho de Quintino chegou ô ô ô
Com garra fibra e amor ô ô ô

JORGE BEN

Quando até suas piadas ficam obsoletas

Sua baixa-estima anda em alta. Você só arruma mulher maluca, seus amigos estão na mesma, o mundo pertence a elas e o seu salário de fome ainda vai levar duas semanas pra pingar na conta. Ainda não são nove horas, mas cinco pessoas já te perguntaram isso hoje, todas sem resposta. Então abre o pano, ou a janelinha, e fala julietcharlie, o testador de automóveis:

jcl diz: e aí, qual é a boa?

bmf diz: porra, eu não sou a revista programa.

jcl diz: ah é. rioshow.

Merda.

quinta-feira, julho 21, 2005

Contravapor



now war is declared
and battle come down

segunda-feira, julho 18, 2005

Transitoriedades brilhantes


baby jane holzer. foto de andy warhol

A Garota do Ano é uma figura simbólica que a imprensa procura em Nova York desde a Primeira Guerra Mundial por causa do colapso da Alta Sociedade convencional. O velho establishment ainda se sustenta, ainda tem seus clubes, salões e seus bailes de debutantes, ainda é basicamente protestante e ainda domina duas áreas imensamente poderosas de Nova York, as finanças e a lei corporativa.

Mas ao lado dele, o tempo todo, sempre existiu uma grande sociedade cada vez mais deslumbrante, a Café Society, como era chamada nos anos 20 e 30, formada por gente cujo status repousa não em propriedades ou antiguidade, mas em diversas transitoriedades brilhantes, o show business, a publicidade, as relações públicas, as artes, o jornalismo ou simplesmente o dinheiro novo de vários tipos, gente com uma grande dose de ambição que se congregou em Nova York para satisfazer essa ambição e procura estilos para simbolizar isso.

TOM WOLFE. "A garota do ano" - Radical chique e o novo jornalismo
(original: New York Herald Tribune, dezembro de 1964)

Ao trabalho



palma louca: o brasil engarrafado - está chegando a hora...

domingo, julho 17, 2005

Histórias de além-mar


Navegar é preciso, viver não é preciso

A bússola, a pólvora, a imprensa, a retorta, a América, a chantagem, inventos sobre inventos, punham água na boca do admirável povo português e a inveja na gente que manejava a pluma de pato no papiro encarquilhado dos alvarás.

Era preciso inventar.

Nomeada uma comissão de notáveis, professores da Escola de Sagres, aceitou essa, em assembléia memorável, e redondeza da Terra e seu movimento em torno do dólar, o direito de cavação, a superioridade dos cachimbos de barro sobre os de pau e infalibilidade do papa.

Tiveram começo os trabalhos de invenção.

Todo o país meditava, ruminava, esperava.

Cessaram as justas entre Ramires e Lopes de Baião; o fado silenciara em Coimbra; apenas, de vez em quando, quebrando a pasmaceira modorrenta do reino, dois ou três latagões do Alentejo espanavam as armaduras, e após um almoço adomingado, em que os chouriços e vinhaças alvoroçavam o heroísmo – deixavam os solares limosos e batiam, por desfastio, em estrondosa caçada às lebres ou aos mouros.

Se lhes caísse no caminho algum solarengo azarado, de escudo diferente, que por bebedeira ou picardia não saudasse os caçadores com o devido “Viva Deus”, era isso motivo normal para que não pensasse mais em caçadas, em lebres ou em mouros; então, com arrepio ou volúpia, viam-se broquéis amassados, lanças enfurecidas, e o sangue de dois ou três fidalgos ia empastar o pó do chão, divertimento esse a que não raro aderia o resto do troço.

Todavia, não passavam os prélios além daí; à noite do primeiro dia, os peões acampavam no alto do cabeço mais próximo, e despidas as armaduras, sentados em torno do lume, tiravam dos alforjes dois ou três anhos de salmoura, assando-os, trucidando-os, mastigando-os com o comentário da vitória recente, o que justificava razoáveis e deliciosas bebedeiras.

E assim corria mansamente a vida do adorável povo português, à espera do primeiro invento.


Decididamente, era preciso inventar.

MENDES FRADIQUE. História do Brasil pelo método confuso. Companhia das Letras, org. Isabel Lustosa

quarta-feira, julho 13, 2005

Irritaço da semana



Ave da família das ranfastídeas, costuma abrir o bico para exaltar o Plano Real e defender o governo Fernando Henrique. Reclama ao ser chamada de neoliberal e pia contra um vizinho no zoológico, o sapo barbudo. Mas não resiste a uma bicada no alpiste público.

No último fim de semana, um jovem exemplar da espécie fugiu de seu cativeiro, na Av. Rio Branco, e foi visto em Paraty, no Sul Fluminense. De acordo com testemunhas, juntou gravetos ao ninho de um colega de plumagem grisalha. Que, por sua vez, costumava empoleirar-se na gaiola de ouro da Embrafilme enquanto aves menores eram perseguidas pelo condor e obrigadas a migrar para longe de seu habitat natural.

Onde se esconde o Ibama nessas horas?

domingo, julho 03, 2005

Domingo no Jardim Botânico


'o brasil é uma república cheia de árvores
e de gente dizendo adeus' [oswald de andrade]

O Jardim Botânico é um bairro com mais árvores do que moradores – e esta é uma idéia que nunca me incomodou, dado que os vegetais raramente reclamam, cometem gafes ou fazem perguntas inoportunas.

Morar aqui é insuficiente para caracterizar tipo sociológico, como acontece a tijucanos e emergentes da Barra. Mas não mergulhemos numa crise de indentidade: apesar dos avanços os ônibus e da especulação imobiliária, ainda é possível enxergar alguns traços que nos unem.

Nos domingos de sol, por exemplo, quando se formam pequenos aglomerados sob os sinais na margem direita da Jardim Botânico. Gente muito branca à espera da luz verde para atravessar a rua, acertar o passo e apostar corrida com triciclos alugados à beira da Lagoa.

Outra maçonaria dominical, esta mais discreta, reúne-se nos bares com varanda (até alguns meses eu escreveria apenas “Jóia”, mas agora há o Belmonte), nas bancas de jornal e nas padarias do bairro.

A este velho batucador de teclado, o hábito de tomar café na padaria remonta a manhãs azuladas na Imperial, esquina da Real Grandeza com a Voluntários, quando a hora ainda permitia a entrada na segunda aula. Mas isso foi no século passado. Ficou para trás, como almoçar pastel chinês, alugar filme no Cavideo e voltar a pé pra casa.

No balcão da Vitória Régia, tomo café-com-leite e leio a Folha de S.Paulo, onde o Ferreira Gullar prega a despetização do Lula e o Marco Aurélio Mello, aquele que soltou o Cacciola, diz que o lugar da loura Suzane é na rua mesmo. Diferentemente do Grobo, o jornalão paulista me toma mais do que 10 minutos entre mordidas no sanduíche de presunto - aquele que o Chaves devorava com groselha.

À direita, uma menina de 4 ou 5 anos, maria-chiquinhas e jaqueta rosa, abraça três latas de refrigerante: “A mamãe ama vocês, vai levar vocês pra casa”. E pede ao avô magrinho, de camiseta azul de domingo, uma sacola para transportar a cria.

A banca na esquina da Lopes Quintas tem uma jornaleira bonita e isso não é praxe nessa sorte de estabelecimento. A descoberta encoraja um impulso consumista: lá se vão onze reais e cinqüenta, cada vez menos reais na carteira, em troca de uma revista com figuras bonitas.

Ontem teve quentão e quermesse de interior a poucos metros daqui e hoje vejo que estou melhorando, pois só levei três lances de escada para me lembrar dos óculos, antes de chegar ao portão da rua. O único erro do dia, eu o notei no balcão da padaria: tinha levado o celular no bolso. Felizmente, ninguém ligou.

Símbalo sexual


cauby e as mulheres: "ando pela rua flertando com elas"

(...) Cauby Peixoto é um personagem. Acontece que ele nunca desce do palco. Digamos que, já faz muito tempo, sua pessoa física foi engolida pela jurídica. Um exemplo para entender esse estranho processo: quando chega ao quarto do hotel, fecha a porta e fica sozinho, ele continua sendo o mesmo Cauby Peixoto, preocupado exclusivamente com música, acocorado sob suas perucas importadas. Não tem nenhum outro interesse. Se você pensava que as roupas extravagantes de Cauby eram apenas o resultado de um trabalho de figurinistas - e que de repente ele se vestia como um sujeito comum quando ia, por exemplo, ao clube -, engano seu. Hoje Cauby se apresenta no Brahma em ternos pretos e bemcortados. Agora, para vê-lo mucho loco, o caro leitor terá de encontrá-lo à paisana. 'Eu não tenho um personagem', diz. 'Eu sou um personagem.' Esse personagem que engoliu a pessoa física do Cauby - o Cauby Peixoto Barros - é um tipo que dorme e acorda muito tarde. Não é um cara chegado à boemia, como se poderia pensar num primeiro momento.

Não bebe, não fuma, não cheira - ao contrário de Tim Maia, parece não mentir sobre esses assuntos. É apenas um sujeito que vive 'uma vida completamente diferente das pessoas normais'. Desde que chegou a São Paulo, vai do Brahma para o Hotel Excelsior, do Hotel Excelsior para o Brahma. Um fica de frente para o outro.

'Eu sou muito popular, querido e amado. Então eu tenho muito conhecido na rua. Tenho de parar, dar autógrafo... Eu até gosto, mas aí vai juntando gente... Você veja que outro dia até fui à casa de uns amigos. Mas não me adapto mais a grupinhos, o papo já não me agrada. Se eu fosse ninguém, talvez me agradasse... Mas diante do Cauby todo mundo quer se afirmar.' Não sendo ninguém, Cauby é alguém que passa as horas no quarto. (...)

Cauby só foi se tornar Cauby em meados da década de 50, quando o empresário Edson Veras, o Di Veras, 'encontrou em mim o cantor que gostaria de ser'. Levado à Rádio Nacional do Rio de Janeiro, virou uma estrela de dimensões inéditas para o cenário brasileiro, apontado à época pela revista americana Time como um exemplo dos muitos Elvis que se espalhavam mundo afora - conquistando sobretudo o coração das mulheres. 'Elas diziam: ´Tenho de ver Cauby, tenho de ver Cauby!´ E iam todas elas. Aí os namorados brigavam. Porque é chato mesmo, né? Você tem uma namorada e ela começa a falar de um Brad Pitt... Desagradável.'

Essa relação de Cauby com as mulheres - que, conforme veremos, talvez não chegasse às vias de fato - foi sendo aprimorada por uma peculiar tática de sedução. 'Um dia o Di Veras me disse: ´Você estava olhando para duas garotas. Olhe para todas´. Então passei a flertar sem discriminar nenhuma delas. Podia ser a gordinha, a mais escurinha, não importava - era tudo meu. Foi assim que eu comecei a crescer, a conquistar as meninas de outros fã-clubes. Até hoje continuo fazendo assim: eu ando pela rua flertando com elas.' Ao que parece, a mesma estratégia não se aplica a quartos de hotel, onde certa vez encontrou, debaixo da cama, uma mulher pelada: 'Quero ser sua! Quero ser sua!' Não se dispondo ao intercurso com uma fulana que talvez Bob Jefferson se referisse como sendo do tipo horizontal, apontou o dedo: 'Saia já daqui'. (...)

(O mundo de Ron Coby - Fred Melo Paiva, Estadão, 3.7.2005)

sábado, julho 02, 2005

O Mendigo do Pânico


e bob disse: "delúbioooooooo"

Dá um mensalão aí pra me ajudar!