O crepúsculo do mestre
Foxtrotbravo, com quem só tenho me comunicado por meio desta página, me cobra uma palavra sobre o recém-finado Pat Morita, o professor Miyagi do Karate Kid.
Como se sabe, eu costumava dormir no horário da Sessão da Tarde. Inexperiente e sem visão de futuro, não imaginava que o recesso vespertino me deixaria alheio, nos anos seguintes, a 783.256 horas de papo com amigos saudosos de Chevy Chase e outros ídolos dublados pelos funcionários de Herbert Richers.
O que tenho a dizer sobre o japa é o seguinte: com ou sem tevê, sua morte fez centenas de ex-alunos se lembrarem de Luiz Gonzaga de Souza Lima, professor de marxismo-troskismo-leninismo e outros detalhes da política na Faculdade de Direito da Uerj (passagem lamentável que bravomikefoxtrot costuma esconder de seu currículo).
Há três anos, o clone do sábio pop defendia com entusiasmo a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. Para conquistar a simpatia do mestre, estudantes circulavam pelo cinzento complexo prisional - digo, universitário - do Maracanã com adesivos e estrelinhas vermelhas na camisa.
Natural de Montes Claros (terra de outro evangelizador de esquerda, o implacável Darcy Ribeiro), o Miyagi tropical não imaginava que o sonho proletário era financiado por outro mineiro: o carequinha de Curvelo.