dois perdidos numa noite suja

domingo, novembro 13, 2005

Apocalípticos e integrados (de novo)



O tempo passa e as teóricos da comunicação se repetem como farsa. Desde que inventei essa monographia (Os blogs e a crise do mensalão – Novos padrões na cobertura política), estou soterrado por textos que exaltam a ferramenta como a maior revolução desde a tipografia móvel de Gutenberg.

Tem gente prevendo o fim dos jornais para depois de amanhã, no máximo semana que vem e olhe lá. Apesar do oba-oba, as grandes empresas de mídia dominam o meio no Brasil. O último "independente", Ricardo Noblat, acaba de vender o passe ao Estadão. É mais ou menos isso o que eu preciso dizer em 60 páginas, corpo 12, espaçamento um e meio e entrega em dez dias. Torçam por mim.

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Com a tecnologia do videotape portátil, todo material gravado numa locação fica pronto instantaneamente – e na própria locação. Assim, as pessoas podem controlar a informação sobre si mesmas, em vez de capitular ao poder de forasteiros. [As redes americanas] ABC, CBS e NBC não nadam como peixes entre as pessoas. Eles assistem da praia e só vêem a superfície da água. Shamberg, 1971

A vídeo-verdade da vida operária e as manifestações antipobreza não foram páreo para [a série de TV] Starky and Hutch e [o programa de notícias] 60 Minutes. Embora as câmeras de vídeo tenham continuado a diminuir de preço e tamanho até a década de 90, Shamberg e seus companheiros de guerrilha não foram muito além de canais de pouca audiência, escondidos no fim do dial. A revolução foi televisionada, mas ninguém assistiu. Shafer, 2005