dois perdidos numa noite suja

quinta-feira, junho 30, 2005

O que fazer com minha bandeira do Vietnã

sábado, junho 25, 2005

Sístoles e diástoles



tinha um texto aqui

terça-feira, junho 21, 2005

Perversidade

Alarmar senhoras gordas é um dos maiores encantos desta e da outra vida.

Mario Quintana, Sapato Florido

sábado, junho 18, 2005

Mais um obituário de vivo


o ex-governador miguel arraes, 88, mais pra lá do que pra cá

O Palácio das Princesas, no Recife, amanheceu cercado por tropas no dia 1º de abril de 1964. O governador de Pernambuco, Miguel de Alencar Arraes, seria um dos primeiros alvos da ditadura militar, instalada por golpe de Estado durante a madrugada. Filiado ao Partido Social Trabalhista (PST), ele era um dos principais aliados do presidente deposto, João Goulart. Seu nome apareceu na primeira lista de cassação de direitos políticos publicada pelo regime.

Acusado de apoiar as Ligas Camponesas, que lutavam pela reforma agrária no sertão nordestino, Arraes foi preso e confinado na ilha de Fernando de Noronha. Depois de um ano entre cadeias de Pernambuco e do Rio, conseguiu a liberdade por hábeas-corpus, concedido pelo Supremo Tribunal Federal. Um mês depois, foi enquadrado pela Lei de Segurança Nacional por ter assinado um manifesto contra o arbítrio dos inquéritos policiais-militares. Ameaçado de nova prisão, asilou-se na embaixada da Argélia até transferir-se para o país, em 16 de junho de 1965.

Exilado na Argélia, levantou a bandeira da Anistia

O exílio não interrompeu a trajetória política do cearense de Araripe, formado em Direito, que começou na política como deputado estadual e prefeito do Recife. Na Argélia, Arraes escreveu livros contra a ditadura, apoiou o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), criado após a implantação do bipartidarismo no país, e atacou a Frente Ampla, articulada por Carlos Lacerda, João Goulart e Juscelino Kubitschek para unir a oposição aos militares. Em 1978, depois de um encontro com Leonel Brizola em Lisboa, o ex-governador empunhou a bandeira da anistia ampla, geral e irrestrita. A vitória permitiu sua volta ao país, em 15 de setembro de 1979.

Convidado pelo deputado Ulysses Guimarães, Arraes participou da fundação do PMDB, mas foi boicotado pela ala moderada do partido. Eleito deputado federal, liderou as reivindicações da chamada "esquerda independente" do PMDB ao governo Sarney, como a moratória da dívida externa. Em 1986, Arraes voltou ao Palácio das Princesas, com o lema eleitoral "Entrar pela porta que saiu". No governo, enfrentou uma seqüência de greves do funcionalismo estadual. As divergências com a cúpula do PMDB sobre a eleição presidencial de 1989, quando criticou Ulysses por não formar uma frente popular contra a candidatura de Fernando Collor, o levaram a migrar para o PSB.

Precatórios e greve da PM precipitaram declínio

Arraes renunciou ao governo para voltar à Câmara em 1990. Dois anos depois, assumiu o comando do PSB e começou a articular a aliança com o PT para a candidatura de Lula ao Planalto, em 1994. Eleito para seu terceiro e último mandato como governador de Pernambuco, foi envolvido nas denúncias de emissão irregular de precatórios e enfrentou uma greve de 11 dias da PM, que gerou uma onda de violência no Recife.

A crise foi a senha para o início de seu declínio político. Em 1998, Arraes viu frustradas as negociações para atrair Ciro Gomes ao PSB e foi obrigado a apoiar Lula novamente. No front interno, viu sua imagem desgastada pela onda de saques promovida pelo MST - que, por decisão sua, não foi reprimida pela polícia. A situação se complicou quando a Procuradoria Geral da República recomendou ao STJ a quebra de seu sigilo telefônico, em razão do caso dos precatórios. Candidato à reeleição, Arraes foi derrotado no primeiro turno pelo atual governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB).

De volta a Brasília, apoio a Lula e neto na Esplanada

Em 2002, aos 86 anos, voltou a Brasília para integrar a base de sustentação do governo Lula na Câmara. Depois da morte do ex-governador Leonel Brizola, no ano passado, passou a ser o único líder de esquerda em atividade desde os anos 60. Em abril passado, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça aumentou sua aposentadoria de R$ 2 mil para R$ 8,3 mil, com indenização retroativa de R$ 150 mil.

Em 12 de maio, Arraes participou de um almoço com Lula e o presidente da Argélia, Abdlaziz Bouteflik, em Brasília. Lula se declarou grato aos africanos pela acolhida de seu velho aliado durante o exílio. O ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos (PSB), é neto de Arraes.

quinta-feira, junho 16, 2005

Adeus, Dirceu


refrão de passeata petista: "stalin não morreu! ele se chama zé dirceu!"

José Dirceu de Oliveira e Silva foi um dos principais líderes da resistência estudantil à ditadura militar na década de 60. Mineiro de Passa Quatro, de 59 anos, ele começou a carreira política em São Paulo, onde ganhou projeção como presidente da União Estadual de Estudantes. Clandestinamente, militava na dissidência do Partido Comunista Brasileiro na luta para desestabilizar o regime.

Em 12 de outubro de 1968, a carreira ascendente foi interrompida pela prisão. Dirceu estava no Congresso da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna (SP), que acabou com a detenção de todos os 1.240 participantes. Ficou na cadeia até setembro do ano seguinte, quando foi libertado com outros 14 militantes em troca do embaixador americano Charles Burke Elbrick, seqüestrado por guerrilheiros da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) no Rio.

Depois da prisão, exílio e clandestinidade

Com a nacionalidade cassada, Dirceu seguiu para o exílio em Cuba, onde trabalhou e estudou tática de guerrilha. Voltou ao país clandestinamente algumas vezes até o retorno definitivo, em 1975.

O Dirceu que se instalou em Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná, era um outro homem: tinha feito cirurgia plástica e adotado a identidade de Carlos Henrique Gouveia de Mello. Casou-se com Clara Becker e teve um filho (Zeca Dirceu, atual prefeito da cidade), mas escondeu o verdadeiro nome até ser beneficiado pela Lei da Anistia, em 1979. Entre a separação, em 1981, e a união com a atual mulher, Maria Rita, ele teve duas filhas: Joana, com a portuguesa Angela Saragossa, e Camila, fruto de outro relacionamento no Paraná.

Livre para retomar a vida pública, Dirceu voltou a São Paulo, em dezembro de 1979. A mudança o aproximou do então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, que comandava as greves dos metalúrgicos no ABC paulista. No ano seguinte, a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) inaugurava uma nova fase em sua vida.

De 1981 a 1986, Dirceu se dividiu entre a militância no partido e o trabalho como assessor na Assembléia Legislativa de São Paulo. Eleito deputado estadual, foi um dos principais coordenadores da primeira campanha de Lula à presidência, em 1989. No ano seguinte, assumiu o primeiro mandato na Câmara, onde foi forte crítico do governo Collor. Em 1992, assinou com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) o requerimento que criou a CPI para investigar o esquema de corrupção comandado pelo tesoureiro Paulo César Farias.

A chegada ao comando do PT e a disputa com os radicais

A derrota na eleição para o governo de São Paulo, em 1994, abriu um novo capítulo na trajetória do ex-militante estudantil. Após um breve período como coordenador do Programa de Combate à Corrupção, do Instituto da Cidadania, Dirceu sucedeu Lula na presidência do PT.

Com a missão de reorganizar o partido para disputar cargos em todo o país, revelou-se um dirigente pragmático e com mão de ferro. Expulsou grupos radicais de esquerda, conduziu reformas que tiraram a plataforma de estatização do programa partidário e conduziu o PT para o centro. A estratégia envolveu decisões polêmicas, como a intervenção no diretório fluminense, em 1998, que vetou a candidatura de Vladimir Palmeira e impôs a aliança com o ex-governador Anthony Garotinho. No mesmo ano, Dirceu foi eleito para seu segundo mandato na Câmara.

De coordenador da campanha a "primeiro-ministro"

Em 2002, Dirceu foi convidado por Lula para o cargo de coordenador-geral de sua campanha vitoriosa à presidência. Conduziu a política de alianças em todo o país e apoiou a contratação do publicitário Duda Mendonça, criticado pela esquerda do partido por ter trabalhado para o ex-prefeito Paulo Maluf. Indicado para a Casa Civil, com gabinete no Palácio do Planalto, Dirceu liderou as negociações para a escolha do ministério.

No governo, passou a ser visto como uma espécie de "primeiro-ministro", responsável pela estratégia e pela divisão de poder com os aliados. A fama correspondia a uma frase famosa de Dirceu, quando ainda era dirigente do PT.

- Lula é o lado emocional, o coração. Eu sou a razão.

A bravata valeu até janeiro do ano passado. Em meio a acusações contra o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares Waldomiro Diniz, Lula retirou a coordenação política da Casa Civil e criou uma nova pasta, entregue ao ministro Aldo Rebelo. Dirceu deixou os holofotes e passou a comandar diversos grupos de trabalho subordinados à presidência. Antes das denúncias de corrupção feitas há duas semanas pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, o ex-líder estudantil já revelava o desejo de reassumir seu mandato na Câmara.

domingo, junho 12, 2005

Leitura de consultório


A Veja, como disse o Caetano Veloso, é aquela revista que a gente lê na sala de espera do dentista. Esta semana, quebrei o protocolo e fui à banca para conferir o clima. Na mesma edição, a revista publica os seguintes títulos:

O MENSALÃO DA PERUA (Denúncias contra Marta Suplicy)

O PT DEU A SENHA PARA DESMATAR (Fraude no Ibama)

No segundo parágrafo de sua coluna, Diogo Mainardi profetiza: "Lula não chega ao fim domandato. Ele terá que renunciar".

sexta-feira, junho 10, 2005

Ópera

10/06/2005 - 19h06m

Jefferson canta 'My Way', em que Sinatra diz que 'o fim está próximo'
Ailton de Freitas - O Globo

BRASÍLIA - Em seu vasto repertório, que vai de MPB a canções populares italianas, em suas aulas de canto desta sexta-feira o presidente do PTB, Roberto Jefferson, cantou "My way", clássico de Frank Sinatra, com uma platéia fiel de repórteres e fotógrafos que acompanham sua clausura em volta do prédio da Quadra 302 Norte, do qual é o único morador. A música mais parece um recado de Jefferson para seus desafetos e uma reflexão sobre seu futuro político, começando com os sugestivos versos "E agora o fim está próximo, então encaro o desafio final." Mais à frente a música diz "Eu fiz o que eu tinha que fazer" e "eu vi tudo, sem exceção." Em outro trecho, o compositor diz que acha "tudo tão divertido", enquanto as lágrimas caem.

quarta-feira, junho 08, 2005

No lixo, o último símbolo do trabalhismo


bob jefferson, coveiro da sigla de getúlio

"Uma sórdida manobra governamental conseguiu usurpar a nossa sigla", desabafou o velho caudilho, enquanto rasgava um papel com as três letras: P, T, B. As lágrimas diante das câmeras acusaram o golpe: meses depois do fim do exílio, Leonel Brizola sofria a primeira derrota. Graças a uma manobra do general Golbery, o Partido Trabalhista Brasileiro, fundado por Getúlio e herdado pelo engenheiro, estava jogado para sempre na vala comum. Depois de Ivete Vargas, viria Roberto Jefferson. O resto da história está nos jornais.

O rock no colo do capeta


dois malucos no metropolitan

A passagem dos White Stripes pelo Brasil começou em Manaus. Decidida a tocar no Teatro Amazonas, a dupla abriu mão do cachê e encarou um público que, em sua grande maioria, nunca tinha pisado num show de rock e nem fazia idéia de quem eram os esquisitões em cima do palco. A passagem pelo maior estado do país rendeu ainda um casamento celebrado por um pajé numa canoa, no qual a ruivíssima modelo inglesa Karen Elson arruinou os sonhos de milhares de menininhas roqueiras de fotolog e se tornou a Sra. Jack White.

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sexta-feira, junho 03, 2005

A flor e o Briza


"eu venho de looooooooooonge..."

PORTO ALEGRE - "O espírito de Brizola estará comigo", afirmou o engenheiro aposentado Moacir Bastiani, de 60 anos, ao se despedir da família na manhã desta quinta-feira. Morador de Porto Alegre, ele começou uma peregrinação de 620 quilômetros até São Borja (RS), onde visitará o túmulo do líder trabalhista. O aposentado pretende concluir a caminhada no próximo dia 21, quando a morte do ex-governador completará um ano.

– Quando chegar, vou levar uma flor até o túmulo de Brizola – conta Bastiani.

O aposentado pretende andar cerca de 35 quilômetros por dia. Nos intervalos da peregrinação, em que passará por 15 municípios gaúchos, dormirá em hotéis e pousadas.

Essa não é a primeira empreitada do andarilho gaúcho. Em agosto, Bastiani caminhou de Porto Alegre a Uruguaiana para celebrar o centenário do Colégio Sant'Ana, onde estudou na década de 50. A escola também está ligada à nova homenagem. Foi uma bolsa concedida pelo líder trabalhista que permitiu a Bastiani concluir seus estudos.

– A bolsa mudou totalmente a minha vida. A partir disso, vi que a educação é importante para todos – emociona-se o engenheiro, aposentado pela Petrobras.


Nota escrita ontem para o Globo Online a partir de informações da RBS. Brizola foi perseguido sistematicamente pelas duas empresas de comunicação. Depois de morrer, virou estadista.