dois perdidos numa noite suja

quinta-feira, junho 16, 2005

Adeus, Dirceu


refrão de passeata petista: "stalin não morreu! ele se chama zé dirceu!"

José Dirceu de Oliveira e Silva foi um dos principais líderes da resistência estudantil à ditadura militar na década de 60. Mineiro de Passa Quatro, de 59 anos, ele começou a carreira política em São Paulo, onde ganhou projeção como presidente da União Estadual de Estudantes. Clandestinamente, militava na dissidência do Partido Comunista Brasileiro na luta para desestabilizar o regime.

Em 12 de outubro de 1968, a carreira ascendente foi interrompida pela prisão. Dirceu estava no Congresso da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna (SP), que acabou com a detenção de todos os 1.240 participantes. Ficou na cadeia até setembro do ano seguinte, quando foi libertado com outros 14 militantes em troca do embaixador americano Charles Burke Elbrick, seqüestrado por guerrilheiros da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) no Rio.

Depois da prisão, exílio e clandestinidade

Com a nacionalidade cassada, Dirceu seguiu para o exílio em Cuba, onde trabalhou e estudou tática de guerrilha. Voltou ao país clandestinamente algumas vezes até o retorno definitivo, em 1975.

O Dirceu que se instalou em Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná, era um outro homem: tinha feito cirurgia plástica e adotado a identidade de Carlos Henrique Gouveia de Mello. Casou-se com Clara Becker e teve um filho (Zeca Dirceu, atual prefeito da cidade), mas escondeu o verdadeiro nome até ser beneficiado pela Lei da Anistia, em 1979. Entre a separação, em 1981, e a união com a atual mulher, Maria Rita, ele teve duas filhas: Joana, com a portuguesa Angela Saragossa, e Camila, fruto de outro relacionamento no Paraná.

Livre para retomar a vida pública, Dirceu voltou a São Paulo, em dezembro de 1979. A mudança o aproximou do então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, que comandava as greves dos metalúrgicos no ABC paulista. No ano seguinte, a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) inaugurava uma nova fase em sua vida.

De 1981 a 1986, Dirceu se dividiu entre a militância no partido e o trabalho como assessor na Assembléia Legislativa de São Paulo. Eleito deputado estadual, foi um dos principais coordenadores da primeira campanha de Lula à presidência, em 1989. No ano seguinte, assumiu o primeiro mandato na Câmara, onde foi forte crítico do governo Collor. Em 1992, assinou com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) o requerimento que criou a CPI para investigar o esquema de corrupção comandado pelo tesoureiro Paulo César Farias.

A chegada ao comando do PT e a disputa com os radicais

A derrota na eleição para o governo de São Paulo, em 1994, abriu um novo capítulo na trajetória do ex-militante estudantil. Após um breve período como coordenador do Programa de Combate à Corrupção, do Instituto da Cidadania, Dirceu sucedeu Lula na presidência do PT.

Com a missão de reorganizar o partido para disputar cargos em todo o país, revelou-se um dirigente pragmático e com mão de ferro. Expulsou grupos radicais de esquerda, conduziu reformas que tiraram a plataforma de estatização do programa partidário e conduziu o PT para o centro. A estratégia envolveu decisões polêmicas, como a intervenção no diretório fluminense, em 1998, que vetou a candidatura de Vladimir Palmeira e impôs a aliança com o ex-governador Anthony Garotinho. No mesmo ano, Dirceu foi eleito para seu segundo mandato na Câmara.

De coordenador da campanha a "primeiro-ministro"

Em 2002, Dirceu foi convidado por Lula para o cargo de coordenador-geral de sua campanha vitoriosa à presidência. Conduziu a política de alianças em todo o país e apoiou a contratação do publicitário Duda Mendonça, criticado pela esquerda do partido por ter trabalhado para o ex-prefeito Paulo Maluf. Indicado para a Casa Civil, com gabinete no Palácio do Planalto, Dirceu liderou as negociações para a escolha do ministério.

No governo, passou a ser visto como uma espécie de "primeiro-ministro", responsável pela estratégia e pela divisão de poder com os aliados. A fama correspondia a uma frase famosa de Dirceu, quando ainda era dirigente do PT.

- Lula é o lado emocional, o coração. Eu sou a razão.

A bravata valeu até janeiro do ano passado. Em meio a acusações contra o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares Waldomiro Diniz, Lula retirou a coordenação política da Casa Civil e criou uma nova pasta, entregue ao ministro Aldo Rebelo. Dirceu deixou os holofotes e passou a comandar diversos grupos de trabalho subordinados à presidência. Antes das denúncias de corrupção feitas há duas semanas pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, o ex-líder estudantil já revelava o desejo de reassumir seu mandato na Câmara.

2 Comments:

  • bernardo, querido, troca o nome da quitanda para "monologoinsone", há tanto tempo que o fb não dá as caras...

    sinto-me lisonjeada com a mudança ali na barra de links :) saudade.

    do dirceu... só sei que apertou a minha mão, me deu uma piscadinha e um "lindo nome!". hahaha a oportunidade faz o ladrão.

    By Anonymous Anônimo, at 17/6/05 12:30  

  • lembra daquele comício na praia de botafogo com os seus amigos trotskistas chatos de niterói?

    naquela época, eles ainda não cantavam

    "stalin não morreu,
    ele se chama zé dirceu"

    mas já tinha

    "é socialista, é radical
    paulo eduardo deputado estadual"

    paredón para todos eles!

    By Blogger bravomikefoxtrot, at 18/6/05 14:48  

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