Na saída do Maracanã, conversando com um jovem cineasta, tentávamos teorizar sobre a estranha obsessão do torcedor por uma parte obscura da anatomia humana.
Inúmeros palpitólogos já dissertaram sobre o futebol como válvula de escape para o trabalhador oprimido pelo capitalismo industrial, que espera o fim de semana para dar vazão à sua fúria revolucionária chutando a cabeça do adversário e dirigindo ofensas impublicáveis ao homem de preto. Mas poucos parecem ter chegado a essa que é a verdadeira e freudiana fixação do arquibaldo: o rabo alheio.
Apesar de não partilhar dessa instigante pulsão, devo admitir que não segurei a risada ao ouvir, do irmão-de-fé a alguns metros de distância, um vaticínio amargo para o marrento camisa 10 do time reserva que bateu ontem o brioso Nova Iguaçu por 2 a 1:
- Ei, Toró, volta pro Fluminense e vai dar o cu pro Branco!
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Ainda nas imediações do Maior do Mundo, impressionou-me sobremaneira a retórica do flanelinha em busca de uns trocados:
- Ali não tem reboque não! Palavra de sujeito homem!
Acabei aceitando a vaga.
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Por último: acerca das testemunhas da peleja, chutei quatro mil, a Suderj informou 4.194. Quando for demitido do jornal, já posso pleitear emprego na seção de demografia estimada do IBGE.