Luciano Bivar, o nanico milionárioÉ dura a vida de candidato
nanico à presidência da Repú-
blica. Ontem de manhã, o em-
presário pernambucano Lu-
ciano Bivar, do PSL, desembar-
cou no Santos Dumont com
dois assessores para pedir vo-
tos pela primeira vez aos ca-
riocas. A chuva cancelou a
principal atividade de campa-
nha: uma caminhada pelas
ruas do Saara, onde eleitores
apressavam o passo em dire-
ção à marquise mais próxima.
Depois de dar entrevista à rá-
dio local, Bivar se abrigou no
saguão da Central do Brasil.
Tímido e sem o reforço de mi-
litantes e carros de som, apre-
sentou-se com apertos de mão
e distribuiu cartilhas colori-
das de oito páginas com o pro-
grama de governo.
— É difícil. A sociedade é
reacionária e tem preconceito
contra candidatos novos, de
partidos sem densidade elei-
toral — reclamou.
Bivar pareceu mais à vonta-
de na Assembléia Legislativa,
onde discursou por menos de
um minuto para uma platéia de
cinco deputados estaduais e
explicou a proposta de trocar
todos os impostos federais por
uma alíquota única de 3,4%, a
ser descontada de movimenta-
ções bancárias. Segundo ele, a
mudança livraria os brasileiros
de declarar Imposto de Renda
no fim do ano. Apesar de ser
isento da cobrança, o baleiro
Edvan Alves, dono de uma bar-
raca nos fundos do Palácio Ti-
radentes, gostou de conhecer
o empresário.
— Trabalho aqui há 19 anos,
mas nunca tinha apertado a
mão de um candidato a presi-
dente — justificou.
Ex-presidente do Sport Reci-
fe, Bivar também prometeu re-
ver dívidas de clubes de fute-
bol com o INSS. Segundo ele, o
fim da Lei do Passe levou os
melhores jogadores do país
para o exterior.
— Podemos chegar até a uma
anistia total — afirmou o candi-
dato, integrante da "bancada da
bola" na CPI que investigou ir-
regularidades no contrato da
CBF com a Nike, em 2001.
No tópico sobre segurança
pública, a cartilha distribuída
nas ruas prevê a adoção da pe-
na de morte para autores de
seqüestros seguidos de homi-
cídio e a criação de um "mini-
quartel" em cada favela brasi-
leira. Segundo Bivar, as pro-
postas não são novidade: fo-
ram apresentadas em 1999, no
início de seu único mandato
na Câmara, como proposta de
emenda constitucional. Outra
promessa polêmica, a constru-
ção de uma rodovia ligando o
Norte ao Sul do país, não foi in-
cluída nos panfletos.
— No Congresso, meus dis-
cursos não eram ouvidos e os
projetos acabaram engaveta-
dos. Por isso, vi que o único ca-
minho era o Executivo — expli-
cou Bivar, ex-tenista profissio-
nal que suspendeu as partidas
para se dedicar à campanha.
Apesar de se afastar do hob-
by predileto, o candidato mais
rico na corrida ao Planalto —
com patrimônio de R$ 8,7 mi-
lhões declarado à Justiça Elei-
toral — não descuidou dos ne-
gócios. No fim da tarde, apro-
veitou o tempo livre para reu-
nir-se com dirigentes regionais
de sua empresa de seguros.