A velhinha e o corvo
TIA RUTH, figuraça, discute com Sergio Manuel, jogador do século passado
Bem, amigos do Insonia!
Como sabem os chegados, Bernardovski cronista esportivo foi despachado neste domingo para cobrir a briosa assistência americana no Maracanã. Lá encontrou Tia Ruth, torcedora-símbolo do clube da Campos Salles. Claro que até sábado o intrépido repórter não tinha idéia de quem era a velha fanática e tampouco desconfiava o nome da rua que abriga o simpático clube na Tijuca. Mas imprensa é assim mesmo, meus jovens: pesquisa, bloquinho em punho e pau na máquina; o ignorante de ontem é o especialista de amanhã - e assim são produzidos os jornais e as salsichas.
- O América é minha vida, minha paixão, patatipatatá, qual é o jogo do qual a senhora não se esquece, os netos são torcedores, ah a senhora veio sozinha e torce sozinha e vive sozinha, que interessante é a paixão pelo clube hein, deve ser muito bom ter um motivo para continuar acordando aos 81.
Bola de novo com a vovó da arquibancada. Depois do terceiro gol do Botafogo, as perninhas vacilam, o céu fica preto e, pimba, tem uma coroa estendida no chão. O fotógrafo, grande Jorge William, bate a chapa, e começa a correria em direção ao centro médico (qualquer enfermaria hoje é centro médico), sob protesto de dois ou três torcedores que, prenhes de razão, encarregam-se de mostrar aos jornalistas que eles são isso mesmo, um bando de abutres, deixa a velhinha em paz filhadaputa.
De volta à redação, toma lá tua forma, apenas 86cm em coluna falsa pra preencher com os seus quarenta personagens e não fosse, senhores, o repórter tão caxias, teríamos um lindo espaço em branco no jornal de segunda-feira.
Liga pra lá liga pra cá bombeiro polícia maracanã e aparece o telefone de uma moça que, acredita-se, foi atrás da velhinha. Dona Ruth não morreu, para tristeza dos editores (literalmente) de plantão. Eu também tenho que buscar um título menos canalha do que América perde título e torcedora-símbolo, ou algo assim que estivesse à espera de um atestado de óbito telefônico de alguma recepcionista do Souza Aguiar.
Só nós temos isso? Então os olhos dos editores brilham, os sorrisos desabrocham, a magia está no ar. Depois sabe-se que a coroa está viva, quase lúcida. Estrela de amanhã-no-Globo.
- Muito obrigada, meu filho, como é seu nome mesmo, pois é, os jogadores sabem, eu sou mais América na derrota do que na vitória.
Até a próxima, Tia Ruth.
4 Comments:
COmentário hoje cedo de MikeMike, editor honorário do esportes - a matéria de Bravomikefox foi a melhor da edição. E viva tia Ruth!
By Anônimo, at 13/2/06 12:12
É, página dupla. Gostei de ver, gafanhoto.
By foxtrotbravo, at 13/2/06 13:37
ia terminar o post assim:
Até a próxima, Tia Ruth. E vê se me avisa na hora de bater as botas.
mas achei que isso apressaria meu encontro com o mascote do clube
By bravomikefoxtrot, at 13/2/06 16:40
gostei da matéria parabéns!
By Anônimo, at 14/2/06 10:50
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