O homem do sapato branco
A notícia mais importante do dia não está nos jornais de hoje. Morreu Jacintho Figueira Jr, o homem do sapato branco. Abaixo, trecho de matéria de Rodrigo Cardoso publicada em 2001 na Istoé Gente. O avô do Ratinho amargava as seqüelas de um derrame: “O pior é que não posso tomar Viagra, porque operei o coração também”.
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Jacintho começou na vida cantando country. Após estrelar os programas Câmera Indiscreta e Um Fato em Foco, lançou na Globo aquele que o consagraria de vez: O Homem do Sapato Branco. “Eu inventei a palavra mundo-cão”, gaba-se. “O Ratinho faz exatamente o que eu fazia.” Em dois anos, Jacintho brilhou com seu Sapato Branco – nome inspirado pelas citações “dos sapatos brancos dos homens” nos livros de Friedrich Nietszche. Ele levou ao ar o primeiro transplante de córnea do País, abriu fogo contra os bicheiros e o Esquadrão da Morte.
Daí para a carreira política foi um pulo – e para o calvário, outro. “Foi a pior coisa que fiz na vida”, diz. “De mil amigos sobraram oito.” No final dos anos 60, Jacintho foi eleito deputado estadual pelo então MDB. O político recebia uma média de 150 pessoas por dia em seu gabinete. Passavam horas, dias, para conseguir cadeira de rodas, geladeira e brinquedos.
E transformavam os corredores da Assembléia Legislativa num acampamento. Dormiam, se alimentavam e até urinavam ali mesmo. Isso deixou o presidente da casa revoltado. Chamado para uma conversa, Jacintho disse: “Isso aqui não é casa do povo? Então, se querem mijar, deixem eles!”.
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