dois perdidos numa noite suja

sexta-feira, novembro 03, 2006

Essa avalanche



Povo brasileiro!

Venho de uma família humilde do nosso interior. Abri meus caminhos sempre lutando ao lado do povo. Sofri 15 anos de exílio sem renegar minhas convicções. Enfrentei e venci de armas na mão, em 61, um golpe contra a democracia. Só ocupei cargos pelo voto. Governei três vezes grandes estados. Jamais persegui ninguém. Sou o único político que tem a coragem de denunciar o monopólio da Globo. Vencer ou perder para mim não é novidade. Sempre travei o bom combate. E não cheguei aos 72 anos para ser um covarde ou oportunista.

Não cabem, pois, nesta hora meias palavras.

Essas eleições se tornaram uma grande farsa. Impediram até o debate entre os candidatos. O que querem mesmo é garrotear o nosso país. Entregá-lo indefeso ao poder econômico internacional. O Plano Real é um golpe eleitoreiro. Tudo para te enganar, meu irmão, minha irmã. O real é tão inviável quanto foi o Cruzado, pois não defende a nossa economia da espoliação internacional, verdadeira causa que é da inflação. Depois das eleições, pouco lhes importa que a inflação volte.

Forças econômicas daqui e de fora tutelam o governo, a imprensa, o rádio, a televisão e as pesquisas. Formaram uma espécie de partido único para encobrir a manipulação da economia e fabricar um candidato como Fernando Henrique, dócil à casta dominante e aos interesses internacionais. Por outro lado, é triste o papel de Lula, que está aí para perder e dar uma aparência limpa à vitória da sujeira, do dinheiro e do poder.

Denuncio, pois, com veemência: essas eleições estão viciadas pela intervenção do governo e do poder econômico. O candidato oficial está sendo imposto à nação através de manipulações entreguistas e antidemocráticas.

Minha candidatura e a de Darcy Ribeiro desafiam a todos os vendilhões do Brasil. Marcar o nome de Leonel Brizola na cédula eleitoral significa um não a tudo isto e um verdadeiro confronto no segundo turno.

Só o voto direto e secreto terá condições de deter essa avalanche que desaba sobre o povo brasileiro.

Que Deus proteja o nosso país.


(1994)